terça-feira, 20 de maio de 2008











A história do Fuxico

O "Fuxico" é uma tradição brasileira que remonta ao período colonial. Trata-se de uma técnica artesanal de reaproveitamento das sobras de tecidos que eram, na época, artigos de luxo de fato e sendo portanto, uma das primeiras formas do que hoje chamamos de "reciclagem de materiais".

O fuxico, de idade secular, tem a sua criação atribuída (cogitada) aos escravos africanos, entretanto, eles se popularizam dentro do universo do patchwork no início do século 20. Um pequeno círculo colorido, com as extremidades alinhavadas e franzidas inspira a criação de pequenos enfeites e adereços até a composição de peças grandes como colchas.

O fuxico é um artesanato de patchwork típico que está presente em todas as regiões brasileiras. O termo “fuxico” em português é sinônimo de “fofoca” (cochicho) e, segundo o folclore local, ele recebeu este nome, uma vez que as mulheres se reuniam para costurar e ao mesmo tempo “cochichar” sobre a vida alheia.

Ao coser os retalhos com pontos largos - os alinhavos - enquanto, senhoras e escravas deleitavam-se com suas peculiares "conversas" e " mexericos", eram criadas verdadeiras obras de arte em peças do vestuário e enxoval.

O fuxico esteve associado a classe social de baixa renda e/ou a comunidades rurais. De uma década para cá, com o surgimento da customização e a introdução do patchwork na moda e decoração, é que ele começou a ser valorizado.


Como fazer?

Confeccionar fuxicos é uma maneira criativa e barata de criar peças de moda e decoração com sobras de tecidos. A reciclagem de materiais é a grande vantagem da técnica.
Para começar a produzir seus próprios acessórios, objetos e roupas, é preciso aprender primeiro a fazer o fuxico. Os materiais utilizados são pedaços de tecido, linha e agulha.
Não há restrição quanto aos tecidos, mas o algodão é o mais indicado para os iniciantes.

Basicamente, a técnica pode ser dividida em quatro etapas:

1. Risque o avesso do tecido escolhido com lápis ou giz de costura em um molde redondo, que pode ser uma tampinha, um copo ou um círculo de papelão.
2. Recorte o pano, bote a linha na agulha e comece a alinhavá-lo com a borda virada para dentro até chegar ao ponto de início
3. Puxe a linha para franzir e vá ajeitando o fuxico com os dedos no meio da trouxinha
4. Arremate e passe a agulha pelo centro do tecido, para esconder o nó. Depois corte

Rosana Alves, do ateliê Musa Bamba, diz que 4 meses de prática diária podem habilitar uma pessoa a fazer um fuxico "profissional". Ela recomenda dedicar de uma a duas horas por dia ao ofício até que se adquira o domínio da técnica.
Segundo Rosana Pardo, artesã que lida fuxico há cerca de 6 anos, não há regra quanto ao número ideal de pregas a serem feitas no pano, mas quanto mais próximos os pontos, mais aberta a peça ficará; quanto mais distantes, mais franzida. Assim, cada pessoa deve chegar ao seu próprio estilo.
Terminada a fase de aprendizado, pode-se partir para a customização de roupas e acessórios e a confecção de peças mais elaboradas, como blusas e vestidos. Neste caso, é útil ter noções de modelagem. Para juntar os fuxicos, use linhas de tapeceiro. Mais resistentes, elas evitam que as emendas arrebentem.
Lembre-se de que uma pequenina unidade deste trabalho é como uma célula. Um vestido de fuxicos costuma levar mais de mil trouxinhas minuciosamente confeccionadas e dias de trabalho.